Público interno e externo não existe mais!?
Ainda nos dias de hoje as organizações e escolas brasileiras classificam de forma simplista seus públicos através de uma referência geográfica ou física (públicos internos, externos e mistos).
Este é um modelo já ultrapassado até mesmo para o período anterior ao surgimento das mídias sociais.
Sabe o porque?
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Obviamente esta classificação não é aplicável para as novas organizações onde seus públicos muitas vezes não obedecem aos padrões conhecidos.
Como exemplo, podemos tomar as organizações on-line (empresas de e-commerce, blogs, rádios online, grupos de discussões, grupos de pesquisas, etc.) que muitas vezes encontram seus públicos situados geograficamente em diversos locais e muitos destes são essenciais para o funcionamento da organização, como, por exemplo, em grandes blogs em que a equipe de redatores residem e desempenham suas atividades de cidades, estados e em alguns casos de países diferentes.
Também as organizações onde os colaboradores são ao mesmo tempo consumidores como em plataformas “Wiki” que permitem a edição colaborativa de conteúdos.
Massimo Di Felice coloca este fenômeno da seguinte forma:
“Pela primeira vez na história da humanidade, a comunicação se torna um processo de fluxo em que as velhas distinções entre emissor, meio e receptor se confundem e se trocam até estabelecer outras formas e outras formas e outras dinâmicas de interação, impossíveis de serem representadas segundo os modelos dos paradigmas comunicativos tradicionais (Shannon-Weaver, Katz-lazarsfeld, Eco-Fabbri etc.).” (Di Felice, 2008 p. 23)
Observa-se que as novas organizações, em grande parte, não possuem delimitações geográficas/físicas para o seu funcionamento. Provado diariamente nas atividades da Agência Clave. É algo prático!
Entender os públicos com quem interagem fica cada vez mais complicado se utilizar os modelos tradicionais, uma vez que agora os públicos se comportam como redes, onde não exite classificação de importância e poder.
Com tudo, é possível classificar os públicos de forma abrangente para todos os tipos de organizações?
Antes de qualquer classificação é preciso romper um paradigma, o “organocentrismo” (figura 1) onde se pensa na organização como o centro de um universo e os públicos situam-se em sua órbita.
A realidade online ou offline das relações organização-público, na verdade, é de uma interação hipertextual (figura 2), onde todos situam-se em uma malha de nós e conexões e não possuem um centro.
França (2004, p. 102) observa esta realidade e define três critérios pra uma classificação lógica dos públicos: 1 critério de dependência jurídica; 2 grau de participação nos negócios e 3 o nível de interferência.
Apesar de já ser uma ruptura de muitos paradigmas ainda são critérios que não suprem a realidade das organizações atuais, pois França cita exemplos em sua classificação lógica de públicos, que contemplam apenas as empresas que visam lucro, além de ser uma teoria voltada para os negócios e pouco se considera as organizações online que muitas vezes não são constituídas de grupos de estudos, expressões artísticas, organizações políticas orgânicas, entre outros.
Estas organizações visam um objetivo em comum que não é o lucro – não diretamente – mas são organizações muitas vezes essenciais para outras organizações que pretendem obter lucro a partir da relação com elas.
Ou seja, existem muitas organizações, principalmente as digitais, em que se o se expressar a intenção de obter lucro para seus públicos, consequentemente perdem sua força e legitimidade perante os mesmos.
Qualquer relação classificada a partir da dependência das partes é inconveniente, pois toda relação em que uma das partes é dependente da outra é, por natureza, uma relação doente e frágil se comparado com uma relação onde as partes se relacionam e contribuem uma com a outra de bom grado e pela causa ou interesse.
O indivíduo ou organização que depende do outro participa de uma relação na qual ele não quer mas precisa.
O que percebemos é que a classificação do mesmo público muda de acordo com o interesse da organização.
É preciso considerar o interesse da organização em determinado público antes de iniciar qualquer classificação lógica.
Assim, em minha humilde opinião, conclui que, o que defasou nos modelos conhecidos de classificação dos públicos, foram os critérios adotados para determinar o método (geograficos, por dependência, importância etc.).
Acredito que um critério mais amplo e exato para se elaborar qualquer classificação seria o interesse, pois toda relação possui um interesse, na maioria saudáveis, o qual sustenta a mútua cooperação das partes.
Confira o artigo:
“Quem não se comunica se trumbica”
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